sexta-feira, outubro 28, 2005

Será crise de meia-idade?

Por vezes, todos lemos algo em que nos revemos por completo de uma forma assustadoramente verdadeira. O texto que partilho é de um crítico literário e conhecido blogger.

« Em miúdo, achava que me reconheceria como adulto quando não tivesse medo de injecções. Hoje, já não tenho medo de injecções, mas ainda não me sinto exactamente adulto. Ainda escrevo e digo e faço coisas assumidamente não adultas. Ainda ando com a camisa desentalada das calças. Ainda me sento no chão. Ainda ouço imensa música com guitarras eléctricas. Ainda digo "raparigas" em vez de "mulheres". Ao mesmo tempo, cada vez se torna mais evidente que já não sou jovem. Aos 32, anafado e descrente, sinto uma barreira invisível entre mim e as gerações mais novas. Outras ideias, outra linguagem, outros usos. Eles são jovens e eu já não. Confesso que não sou nada entusiasta da civilização jovem, com o seu culto da imaturidade caótica e da rebeldia sem causa nem cabeça. Mas a juventude tem aspectos luminosos, que resultam do entusiasmo e da ignorância, e que hoje sei que já não tenho (ou que nunca tive).
(...) Outro dia, dei com uma cena que ao mesmo tempo me fascinou e me deprimiu: um rapaz e uma rapariga (lindíssima), ambos com vinte e poucos, que se olhavam embevecidos, entre comentários jocosos, provocações infantis, sorrisos abertos, maçãs do rosto vermelhas. Bem sei que todos os apaixonados em todas as idades são assim, mas havia naqueles dois uma comovente e única simplicidade embaraçada, sexualmente alusiva e ingénua, uma simplicidade de que já sou incapaz e que me chamou a atenção como se eu fosse um velho num jardim.
(...) Creio que tenho saudades da juventude como tenho saudades dos anos 80: não me lembro assim tão bem disso, não foi assim tão bom como isso, mas é uma mitologia conveniente e inesgotável. A minha geração anda viciada em nostalgia. Vemos em DVD uma série televisiva da nossa adolescência (Verão Azul) e ficamos todos em comunhão fungante. Uns são casados, têm filhos e são socialmente úteis, outros são tão improdutivos como eu, mas todos nos sentimos melancólicos com isso, com a mítica juventude, que nos escorre dos dedos como areia finíssima. Já dizemos "no nosso tempo". O nosso tempo é o tempo em que fomos jovens. O que significa que já não somos jovens. Que este já não é o nosso tempo. E a juventude, tal como o paraíso, parece sempre mais alta quando a perdemos.
(...) Somarei 33 anos, a célebre "idade de Cristo". É mais que tempos de receber o meu primeiro BI de adulto. De adulto que se acha jovem. De adulto que se acha velho. De homem que está na casa dos trinta como se no limbo da sua idade.»

Pedro Mexia, in Grande Reportagem, 22.10.2005
Ass: Raul Pereira

domingo, outubro 23, 2005

O ISMAI é de todos nós!

Decidi pôr em prática esta máxima. Vai daí, calculei o que gastei em propinas e afins durante os anos do curso e cheguei à módica quantia aproximada de 7500 €.
Ora, calculando o preço do metro quadrado em sementes de relva, sistema de rega e mão-de-obra de manutenção, cheguei à conclusão que o relvado assinalado na figura é todo meu, foi todo pago por mim.
Caríssimos, informo todos os ismaiatos que a partir da próxima semana irei exercer o meu direito e plantarei aqui umas espécies exóticas. A partir de hoje, é proibido pisar a erva.

Ass: Raul Pereira

sexta-feira, outubro 21, 2005

www.wikipedia.org

A Wikipedia é um revolucionário projecto de Jimmy Wales, sem fins lucrativos, cuja filosofia é a possibilidade de pessoas de todo o mundo se juntarem e partilharem conhecimentos, numa imensa enciclopédia on-line. Tem quase 2 milhões de artigos, escritos em 200 línguas. Não é escrita por especialistas, mas pelos próprios utilizadores. Ainda assim, nenhum académico teve ainda coragem de afirmar que o seu nível científico é baixo.

A mim convenceu-me ao ler tão perfeita definição:

Desenrascanço (loosely translated as "disentanglement") is a portuguese word used in common language in Portugal, to express an ability to solve a problem without the adequate tools or proper technique to do so, and by use of sometimes imaginative resourcefulness when facing new situations. Achieved when resulting in a hypothetical good-enough solution. (...) Most portuguese people strongly believe it to be one of their most valued virtues and a living part of their culture.

Ass: Raul Pereira

quarta-feira, outubro 19, 2005

Oportunidade de emprego internacional

O MI6, serviço secreto britânico, que até há bem pouco tempo nem sequer tinha existência oficial, lançou um site de recrutamento.

Inclui Job Profiles e o desafio parece tudo menos monótono. Entre os benefícios, destaca-se o seguro de vida atractivo. Toca a concorrer.

Já estou a ver o próximo 007 portuga: «My name is Sousa. Zé de Sousa.»

Ass: Raul Pereira

sábado, outubro 15, 2005

Os recursos humanos de ontem

Não me lembro de tão boa síntese, relativamente ao antigo conceito de emprego:

«Houve tempos em que os pais portugueses, tendo o filho chegado à idade, tinham um sonho: 'encaixar o rapaz'. Não lhe arranjavam trabalho, encaixavam-no. Com fraco ordenado, sem fazer nada, mas seguro até à reforma.»

Ferreira Fernandes, in Correio da Manhã, 4/10/2005

P.S. Não sei porquê, mas lembrei-me agora que na segunda-feira preciso ir às Finanças.

Ass: Raul Pereira

quinta-feira, outubro 13, 2005

Este blog foi ao psicólogo...

... e este é o preocupante diagnóstico virtual!

Your Blogging Type is Unique and Avant Garde
You're a bit ... unusual. And so is your blog.You're impulsive, and you'll often post the first thing that pops in your head.Completely uncensored, you blog tends to shock... even though that's not your intent.You tend to change your blog often, experimenting with new designs and content.


Ass: Raul Pereira

quarta-feira, outubro 12, 2005

O ISMAI visto de cima

Andava eu a passear no Google Earth e voila...



A imagem satélite já tem uns anitos... e a julgar pelo parque de estacionamento foi tirada em Agosto!

Ass: Raul Pereira

sábado, outubro 08, 2005

Autárquicas 2005

Amanhã é dia de cumprir um dever e direito cívico, nem que seja para, ao estilo Saramago, depositar na urna o boletim em branco. Verdade seja dita, cada vez me é mais difícil escolher onde colocar a cruzinha. E pela negativa.

Há dias um amigo dizia: «Já reparaste no uso que este povo de m**** faz da democracia? Queres apostar que todos os políticos com processos judiciais às costas (ndr: Ferreira Torres, Isaltino Morais, Fátima Felgueiras, Valentim Loureiro) vão ganhar os seus concelhos? E depois o mesmo povo queixa-se em voz alta que a Justiça portuguesa não funciona!»

Compreendo e concordo. Mas acrescento que a diferença para com os restantes candidatos, prende-se, a meu ver, unicamente com a agilidade e dedicação do Ministério Público, da Polícia Judiciária... e outros. Como diz a minha mãe: «Está para nascer um que não tenha rabos de palha...»

Ass: Raul Pereira

sexta-feira, outubro 07, 2005

A vida a preto e branco

Um pequeno filme de animação que resume, de uma forma que não sei se simplista se completa, a história de uma vida comum. Banda sonora adequada.

http://koti.welho.com/alaari/lodger/

Ass: Raul Pereira

segunda-feira, outubro 03, 2005

Aviso Legal

Só para avisar que trabalhar sob um eclipse solar é considerado horário nocturno, pelo que deve ser remunerado de acordo com o acréscimo estipulado pelo Código de Trabalho.

Ass: Raul Pereira