Como profissionais da gestão de pessoas em contexto de trabalho, convém ter presente que cérebros masculinos e femininos funcionam de forma diferente. Assim, lembrei-me de partilhar aqui uma experiência, ainda que do contexto pessoal, mas que acredito ser exemplificativa.
A minha adorada companheira é uma mulher cuidadosa, que tem a atenção em manter, de uma forma minimamente regular, o contacto com os seus amigos. Como tal, de quando em vez, lá faz os telefonemas da praxe, para «dizer um olá», não contribuindo para o esfriamento das suas relações de amizade. Um dia destes, aconselhou-me a fazer o mesmo, pois tendo eu 4 ou 5 verdadeiros amigos, às vezes, passam-se meses sem nos falarmos. Só o faço (e eles também) quando preciso, quero ou me apetece dizer algo.
Tentei salientar a teoria da selecção natural, isto é, se mesmo sem contacto regular, as minhas amizades continuavam também a durar ao longo dos longos anos, seria talvez porque tinham conteúdo e sentido ou, se calhar, seria simplesmente porque tinha de ser assim. Confiava no tempo para as seleccionar. E que por isso, percebendo as vantagens dos cuidados e atenções, não me fazia muito sentido estar, metodologicamente, com 'trabalho a promover' relações. Para além de ser preguiçoso e distraído o suficiente para não o conseguir.
Escusado será dizer que, assim como menos com mais dá menos, ganhou a posição feminina e eu, após dois dias de reflexão, dou comigo a telefonar a um grande amigo, daqueles de duas décadas e com quem não falava há 3 ou 4 semanas. Transcrevo, fidedignamente, o diálogo:
Eu - «Atão, boiola? Tá tudo?»
Ele - «Tá tudo, pá! Atão que se passa?»
Eu - «Não se passa nada, tava só a ligar a saber se tavas fixe...»
Ele - «Olha, bai-te f***r atão! Não tens que fazer, moço?»
Ass: Raul Pereira