À primeira vista, os mais distraídos não encontrarão uma relação directa., mas tem tudo a ver. As medidas políticas com influência e reflexos na economia nacional servem os cidadãos, os eleitores, as pessoas. As auto-estradas constroem-se para servir as pessoas, os hospitais são privatizados para melhor servir as pessoas. Obviamente, tudo isto de uma forma teórica e o conceito de servir ou sodomizar, que cada medida carrega intrinsecamente, é muito relativa e discutível.
Vai daí, observo as novas medidas políticas para combater a crise, o défice e as contas públicas. Obviamente as mais fáceis. Combater a evasão fiscal e a economia paralela não é simples, mais fácil é aumentar o encargo sobre os que não conseguem fugir ao imposto. Assim, o IVA sobe para 21%, os fumadores pagam o défice da saúde e os automobilistas pagam as SCUTS, no preço da gasolina, substituindo as tão polémicas portagens.
Nunca fui grande Matemático. No 9º ano, tinha eu 15 anitos, fui presenteado com uma nota 1, o que me esclareceu para seguir Humanísticas. Passados 6 anos, já no 2º ano do nosso curso, vi-me à nora para fazer a cadeira de Estatística Aplicada, já que as derivadas, integrais e probabilidades não me encaixavam de forma fácil. Aliás, decorridos 8 anos de experiência profissional, ainda não vi utilidade na coisa, além do facto de saber hoje calcular a triste probabilidade de ganhar o Euromilhões, partindo do princípio que jogo. Mesmo assim, e curiosamente, considero não ter um fraco raciocínio matemático.
Senão vejamos. O IVA sobe para 21%. Contas do Governo: a receita crescerá em 2% (21-19=2). Minhas contas: adivinha-se que a subida de preços diminua o poder de compra e consequentemente as transacções comerciais; promove-se ainda mais a evasão fiscal com transacções sem factura e IVA; abrem-se escritórios em Vigo para facturar serviços efectuados em Portugal, pagando-se de IVA 16% ao Estado… espanhol! Logo, será melhor colectar 19% de 1000,00 € ou 21% de 800,00 €? Façam as contas no Excel.
Mais engraçado ainda é o exemplo do tabaco. O meu Marlboro Lights passará a custar 2,80 € ao invés dos actuais 2,55 €. Efectivamente, o tabaco é uma das grandes receitas do Estado. Dirão os mais cépticos: «Mas haverá pessoas a deixar de fumar, logo a receita…». O Governo, composto por homens inteligentes, tem isso pensado. É bom que as pessoas deixem de fumar, e economicamente pensando poupa-se nos custos da Saúde. Soberbo.
Mas eu lanço uma observação: as maleitas do tabaco, regra geral, aparecem perto da idade da reforma. Se as pessoas deixarem de fumar, viverão mais tempo. Economicamente pensando, a partir dos 65 anos as pessoas são apenas um custo para o Estado. O que se poupa na Saúde, gasta-se em dobro nos anos a mais de reforma. Faça-se ouvir, Sr. Ministro da Segurança Social.
Ass: Raul Pereira